I should write more fun stuff,
entertain the crowds.
Avoid, at least, sad scenes,
change clothes once a month.
I could, of course, move away from the body
from its moods.
Enter biopolitics, use its methods,
get a joyful idea pregnant.
Anyway, I've nothing against professional suicidals
and other beyond's performers.
It's not that I don't feel like
leaving you in a tram without brakes.
Leave you in a foreign country,
witout money and without memory.
Don't be deceived, I know how to lower my pants.
Do the trick.
But if my psychiatrist read this,
he'll think the treatment
no longer works.

///

Devia escrever coisas mais divertidas,
entreter as massas.
Evitar, ao menos, cenas tristes,
mudar de roupa uma vez por mês.
Podia, decerto, afasta-me, sair do corpo,
dos seus humores.
Entrar na biopolítica, usar os seus métodos.
Engravidar um ideia alegre.
Enfim, nada contra os suicidas de carreira
e os demais performers do além.
Não é que não me apeteça largar-te
num eléctrico sem travões.
Deixar-te num país estrangeiro, sem dinheiro e sem memória.
Não se iludam, ainda sei baixar as calças.
Fazer o truque.
Mas se o meu psiquiatra ler isto,
vai achar que o tratamento
já não funciona.

by Golgona ANGHEL, in "NADAR NA PISCINA DOS PEQUENOS", Assírio & Alvim, 2017

(English translated by Armando TABORDA)

(photographs taken from Internet; mosaic by Armando TABORDA)