1- SE FORES AO ALENTEJO
REFRÃO: Se fores ao Alentejo, vai…vai…vai
Não te esqueças dai-lhe um beijo, ai…ai…ai
1- Nas capelas e nos montes
Há sorrisos de brancura
Onde fala a voz de Deus
Na voz da Cal e da alvura.

2- O mar deixou o Alentejo
D’onde trouxe canções d’oiro
Mas volta a matar saudades
Nas ondas do trigo loiro

3- Sob o Sol e abrasa a terra
A fecundar as espigas
À sombra das azinheiras
Na dolência das cantigas

4- Por lonjuras e planuras
Ó solidão, solidão
Eu quero paz no trabalho
P’ra poder ganhar o pão

2 – SENHORA CEGONHA
REFRÃO: Senhora cegonha
Como tem passado
Não há quem a veja
Já vai p’ra Igreja
Poisar no telhado
No seu velho ninho
Ponha ovos ponha
Que seja Benvinda
Branquinha e tão linda
Lá vem a cegonha

1- Lá traz a cegonha
No bico um raminho
De meia encarnada
Vem dando chegada
Ao seu velho ninho

2- Em chegando a agosto
Um bando levanta
Anunciando a hora
De se ir embora
Leva meia branca

3 – EU OUVI UM PASSARINHO
REFRÃO: Eu ouvi um passarinho
Às quatro da madrugada
Cantando lindas cantigas
À porta da sua amada

Por ouvir cantar tão bem
A sua amada chorou
Às quatro da madrugada
O passarinho cantou
1- Alentejo quando canta
Peito dado à solidão
Traz a alma na garganta
E o sonho no coração.

2 – Alentejo terra rasa
Toda coberta de pão
As tuas espigas
Lembram mãos em oração

4- Ó RAMA
REFRÃO: Ó rama ó que linda rama
Ó rama da oliveira
O meu par é o mais lindo
Que anda aqui na roda inteira.

Que anda aqui na roda inteira
Aqui e em qualquer lugar
Ó rama ó que linda rama
Ó rama do olival
1- Não invejo de quem tem
Carros parelhas e montes
Só invejo de quem bebe,
A água em todas as fontes.

2- Gosto muito de ouvir
Cantar a quem aprendeu
Se houvesse quem me ensinasse
Quem aprendia era eu.

3- Minha mãe é uma rosa
O meu pai a recolheu
Aqui está o jardim
Que aquela roseira deu.


5 – O MEU PAI É MANEL CUCO
1- O meu pai é Manel Cuco (bis)
Minha mãe, ai, ai, minha mãe
Ai, ai, minha mãe, Cuca Maria (bis

2 – Lá em casa tudo é Cuco (bis)
Tudo é ai, ai, tudo é
Ai, ai, tudo é uma cucaria (bis)

3- O meu pai é Manel Nabo (bis)
Minha mãe, ai, ai minha mãe
Ai, ai, minha mãe é uma Nabiça (bis)

4 – Lá em casa tudo é Nabo (bis)
Tudo é, ai, ai, tudo é
Ai, ai, tudo é uma hortaliça (bis)

5- O meu pai Manel Poupo (bis)
Minha mãe, ai, ai, minha mãe
Ai, ai, minha mãe Poupa Maria (bis)

6 – Lá em casa tudo é Poupo (bis)
Tudo é, ai, ai, tudo é
Ai, ai, tudo é uma Pouparia (bis


6 – OS OLHOS DA MARIANITA
1- Os olhos da marianita
São verdes, cor do limão (bis)

REFRÃO: AI SIM MARIANITA AI SIM
AI NÃO MARIANITA AI NÃO (bis)
2- Os olhos da Marianita
São negros, cor do carvão (bis)

3- Os olhos da Marianita
Vivem cheios de ilusão (bis)

7- O ALECRIM
1 – Alecrim, alecrim doirado
Que nasceu no campo sem ser semeado (bis)

REFRÃO: AI MEU AMOR, QUEM TE DISSE A TI
QUE A FLOR DO CAMPO ERA O ALECRIM (bis)

2- Alecrim, alecrim aos molhos
Por causa de ti, choram os meus olhos (bis)


8 – A PLAINA
1 – A plaina corre ligeira
Chárria, chárria, chárria ó.
Tornando lisa a madeira
Chárria, chárria, chárria ó.
No viçoso bosque em flor
Sente-se o mesmo rumor
CHÁRRIA, CHÁRRIA ….

2 – No torno se amola o aço
Crissa, crissa, crissa ó
Com arte amor e cansaço
Crissa, crissa, crissa ó
Na bigorna do ferreiro
Bate o martelo certeiro.
CRISSA, CRISSA….

3 – O rochedo antes da aurora
Pinga, pinga, pinga ó
Aos golpes do picão chora
Pinga, pinga, pinga ó
Um artista com suor
Lhe dará forma melhor.
PINGA, PINGA…


9 – RESINEIRO
1- Resineiro engraçado, engraçado no falar (bis)
Ó i ó ai, hei-de ir à terra dele
Ó i o ai, se ele me quiser levar

2 – Já tenho papel e tinta, caneta e mata borrão (bis)
Ó i ó ai, p’ra escrever ao Resineiro
Ó i ó ai, que trago no coração

3 – Resineiro é casado, é casado e tem mulher (bis)
Ó i ó ai, p’ra escrever ao Resineiro
Ó i ó ai, antas vezes eu quiser (bis)

10- TI ANICA
1 – Ti Anica, Ti Anica de Loulé
A quem deixaria ela a Caixa de Rapé.

REFRÃO: OLÉ, OLA? EST MODA NÃO ESTÁ MÁ
OLÁ, OLÉ, TI ANICA DE LOULÉ (bis)

2- Ti Anica, Ti Anica, Ti Anica da Fuseta
A quem deixaria ela a barra da saia preta?

3 – A barra da Saia preta, a barra do cachené
Ti Anica, Ti Anica, Ti Anica de Loulé.

4 – Ti Anica, Ti Anica, Ti Anica de Alportel
A quem deixaria ela a barra do seu mantel?

11 – MALMEQUER MENTIROSO
1- Ó malmequer mentiroso
Quem te ensinou a mentir?
Tu dizes que me quer bem
Quem de mim anda a fugir
REFRÃO: DESFOLHEI UM MALMEQUER
NUM LINDO JARDIM DE SANTARÉM
MALMEQUER, BEM ME QUER,
MUITO LONGE ESTÁ QUEM ME QUER BEM!
2 – Coitado do malmequer
Sem fazer mal a ninguém.
São todos a desfolhá-lo
Para ver quem lhe quer bem.
3 – Malmequer não é constante
Malmequer muito varia
Vinte folhas dizem sorte
Treze dizem alegria.

12 – O MAR ENROLA NA AREIA
REFRÃO: O mar enrola na areia, ninguém sabe o que ele diz
Bate na areia e desmaia, porque se sente feliz

1 – Também o mar é casado, ai, também o mar tem mulher
É casado com a areia, e os filhos são os peixinhos.

2 - Ó mar tu és um leão, ai, a todos quer comer,
Não sei como os homens podem, ai, as tuas ondas vencer

3 – Ouvi cantar a sereia, ai, no meio daquele mar.
Quantos navios se perdem ai, ao som daquele cantar.

4- Até o peixe do mar, ai, depenica a baleia.
Nunca vi homem solteiro, ai, procurar mulher feia.


13 – JÁ FUI À BAÍA

REFRÃO: JÁ FUI À BAÍA , JÁ FUI AO PARÁ
UMA VOZ ME CHAMOU, PCHUI!PCHUI! ORA VENHA CÁ
PCHUI, PCHUI, ORA VENHA CÁ
POIS AGORA NÃO VOU LÁ
JÁ FUI À BAÍA , JÁ FUI AO PARÁ.

1 – Se tu visses o que eu vi
Lá pr’os lados de Portel,
Uma pulga a marcar passo
Na careca dum Coronel

2 – Fui um dia ao Polo Norte,
vim de lá muito aflito.
Vi uma laranjeira
Que dava carapau frito.


14 - ALENTEJO TERRA RASA

1-Alentejo terra rasa
É coisa do esquecimento
Hoje em cada planície
Há um empreendimento

2-Eu ouvi uma rave party
Às quatro da madrugada
Feita por uns alemães
Ali à beira da estrada

3 -Era cá um cagaçal
Até que a guarda chegou
Às quatro da madrugada
A rave party acabou

4- Alentejo do turismo
Só funciona no verão
Durante o resto do ano
Nem ambulâncias lá vão

5 -Eu chamei uma ambulância
Às quatro da madrugada
P’ra ajudar uma camóne
Acho que estava drogada

6 -Ao ouvir o tinóni
A gaiata até chorou
Por já não ser madrugada
Quando a ambulância Chegou

7 – Alentejo com seus montes
Dos jovens agricultores
Jovens é como quem diz
Alguns com netos doutores

8- Vi um jovem agricultor
Às quatro da madrugada
Nos copos não a lavrar
Nunca pegou numa enxada

9- Conduz um jipe potente
Do golfe para o solário
Sonha cavar para as Caraíbas
Com o fundo comunitário

10- Sonha cavar para as Caraíbas
Com o fundo comunitário (bis)

15 - AÇORDA

1-Alhos, coentros e sal
Também se faz com poejo
Este comer que afinal
Nasceu no nosso Alentejo

2-Depois dos alhos pisados
E com a água a ferver
Corta-se o pão aos bocados
Está pronto, vamos comer

Refrão- É fácil fazer
Dá pouco trabalho
É água a ferver
Coentros e alho
Coentros e alho
E água a ferver
Dá pouco trabalho
E é fácil fazer

3-Com o pãozito bem duro
E a rabano a acompanhar
O azeite bom e puro
Não há melhor paladar

4-Açorda de bacalhau
Com azeitonas pisadas
Também não é nada mau
Com umas sardinhas assadas

5-Recordo quando era moça
Antes de ir para o trabalho
Comer ao pequeno-almoço
Uma boa açorda de alho

6-Já meus avós me diziam
A força que a açorda dá
Todos os dias comiam
E dez filhos estão cá


16 - FUI COLHER UMA ROMÃ

Eu quero ir p’ra cidade
Já que o campo me aborrece
Que eu lá na cidade tenho
Que eu lá na cidade tenho
Quem penas por mim padece

Fui colher uma romã
Estava madura no ramo
Fui encontrar no jardim
Fui encontrar no jardim
Aquela mulher que eu amo

Aquela mulher que eu amo
Dei-lhe um aperto de mão
Estava madura no ramo
Estava madura no ramo
E o ramo caiu ao chão

As pombas quando namoram
Pousam as asas no chão
Que é para os pombos não verem
Que é para os pombos não verem
O partir do coração

Aquela mulher que eu amo
Dei-lhe um aperto de mão
Estava madura no ramo
Estava madura no ramo
E o ramo caiu ao chão

17 - GOTA DE ÁGUA

Fui à fonte beber água
Achei um raminho verde
Quem o perdeu tinha amores
Quem o perdeu tinha amores
Quem o achou tinha sede

Dá-me uma gotinha d’água
dessa que eu oiço correr,
entre pedras e pedrinhas
entre pedras e pedrinhas
alguma gota há-de haver

Alguma gota há-de haver
Quero molhar a garganta
Quero cantar como a rola
Quero cantar como a rola
Como a rola ninguém canta

Debaixo da oliveira
Não se pode namorar
Porque a folha miudinha
Porque a folha miudinha
Não deixa passar o ar

Dá-me uma gotinha d’água
dessa que eu oiço correr,
entre pedras e pedrinhas
entre pedras e pedrinhas
alguma gota há-de haver

Alguma gota há-de haver
Quero molhar a garganta
Quero cantar como a rola
Quero cantar como a rola
Como a rola ninguém canta