The first thing to say is that Cecília BARREIRA takes "All Sins Of The World" with such virtuosity that better seems a sinner previously absolved in the confessional of poetic creation.

Did you know that "greed is on the look", "pornography is a huge hangover of love", "laziness is splendid as the trees", "friendship is the sin of the weaks", "lust is cannibal", "we envy Camões and Pessoa that pushed time beyond them", "metaphysics is the wasteland of destiny", "god is all of all" and "death is our greatest sin"? The structural mataphors of Cecíia poetic discourse have a setting brilliantly critical, an often provocatie originality and a bitterness that being adjusted to survival times we are living now entrails as dodecaphonic in the symphony of life. It's clearly seen that this pessimism emanates from a period when her health would no longer be definitively.

However, the sins of Cecília BARREIRA and ours, at least those who live "in cities dipped in mothballs", will never be forgiven, cause they were never committed and probably there is not even "a multipurpose god" to forgive them. A primeira coisa a dizer é que a Cecília BARREIRA assume "Todos Os Pecados Do Mundo" com um tal virtuosismo que mais parece uma pecadora previamente absolvida no confessionário da criação poética.

Sabiam que "a gula está no olhar", "a pornografia é uma ressaca imensa do amor", "a preguiça é esplendorosa como as árvores", "a amizade é o pecado dos frágeis", "a luxúria é canibal", "que invejamos Camões e Pessoa que empurraram o tempo para além do seu", "que a metafísica é o baldio do destino", "que deus é o tudo dos tudos" e "que a morte é o nosso maior pecado"? As metáforas estruturais do discurso poético da Cecília têm uma configuração genialmente crítica, uma originalidade frequentemente provocadora e uma amargura que sendo própria do tempo em que sobrevivemos, se entranha dodecafónica na sinfonia da vida. Vê-se claramente que esse pessimismo emana dum período em que a sua saúde poderia deixar de o ser definitivamente.

Entretanto, os pecados da Cecília BARREIRA e os nossos, pelo menos daqueles que vivem "em cidades mergulhadas em naftalina", nunca serão perdoados, porque nunca foram cometidos e provavelmente nem sequer existe "um deus multiusos" para os perdoar.

Armando TABORDA, 2014