OS SENHORES QUE MANDAM
Olho e vejo a minha terra
Com um olhar de menino
Nasci em tempo de guerra
Que marcou o meu destino.
Nasci com leis de miséria
Que se prolongaram no tempo
E nunca pensei que teria
De voltar a esse evento.
A história sempre repete
O lado mais negro da vida
Como a roupa que se veste
E nunca fica esquecida.
É triste lembrar o passado
Com muita dor no coração
Pensando que tinha acabado
O tempo de ver mesas sem pão.
Há homens que deixam de ver
A sua própria maldade
E com a ambição do poder
Destroem a liberdade.
Ninguém tem culpa de nascer
Mas todos nascemos nus
E todos têm o direito de viver
A vida não é só para alguns.
As leis são bem engendradas
Onde não há clemência
Para eles vidas abastadas
Para quem produz a riqueza
Só há miséria e doença.
José da Silva Lopes, poeta de Vila Real de Santo António
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Podia acrescentar: e assim será para todo o sempre.
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