Emmanuel de Macedo Soares 30 de setembro de 2011 07:23


Nos últimos 30 anos, Edmo Lutterbach foi a alma e o alimento da Academia Fluminense de Letras. Faz poucos dias, aqui mesmo escrevi que esta casa de imortais há muito tempo teria morrido, não fosse o mortal que a presidia. Nada mais justo que venha a ser chamada de Casa de Edmo Lutterbach, como você com tanta justiça sugeriu. Eu mesmo já a chamava de modo parecido. Quando deixei na portaria de seu prédio minha proposta para que fosse acolhido na Classe de Ciências e Letras o advogado Herval Bazílio, escrevi por fora, no envelope: Ao bom amigo, presidente da Academia Edmo Lutterbach de Letras. O homem se identificava e fundia com a instituição. Como pessoa, Edmo foi um padrão de elegância. E não me refiro apenas à elegância física, que ele tanto cultivava, mas à elegância moral, de gestos, atitudes e condutas. Como intelectual, era um devorador de livros. Poderia ter escrito uma infinidade de obras, sobre uma infinidade de assuntos, mas preferiu projetar o foco de seus interesses sobre a sua Cantagalo, que tanto amava. Era o que Marcos Almir Madeira chamava de fluminensía, e poucas vezes o neologismo se aplicaria com tanta propriedade. Repito aqui o que te disse quando lá fomos nos despedir dele: a maior homenagem que se pode prestar à sua memória é juntarmos nossos esforços para que a Academia não feneça, minguada a seiva que a nutria.
Emmanuel

Extraído do Blog Literatura-Vivência, de Roberto Kahlmeyer-Mertens